O esquema do momento e sua funcionalidade em alguns clubes brasileiros

Muniz Junior
Oct 29, 2020

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Uma das grandes tendências do futebol europeu no momento é a utilização do esquema com três zagueiros de maneira ofensiva. É o que podemos ver na Atalanta de Gasperini, na Inter de Antonio Conte, no Arsenal de Arteta, no Leipzig de Naggelsman e em muitas outras equipes.

Os dois alas costumam ser jogadores muito físicos e com boa capacidade de infiltração na área adversária. Já o trio de zaga muitas vezes é composto por dois zagueiros de origem e um lateral, que melhora a qualidade de saída de bola e a velocidade de cobertura. É o caso de Azplicueta no Chelsea, Marçal no Wolverhampton e muitos outros. O Leipzig usa dois laterais de origem no trio de zaga inclusive: Halstenberg e Klostermann.

No futebol brasileiro, porém, esse esquema raramente é utilizado, ainda mais por técnicos nascidos aqui. O esquema com três zagueiros ficou marcado como um esquema prioritariamente defensivo e por muitas vezes é malvisto, mas pode ser extremamente versátil, utilizado da maneira que o treinador preferir.

Com isso, pensei em como algumas grandes equipes brasileiras poderiam utilizar o esquema. Não é que seja a melhor opção, mas quem sabe ocasionalmente poderia ser uma possibilidade. Não sei tudo sobre todos os times, então torcedores podem sugerir outras opções que seriam melhores dentro desses esquemas.

Não fiz de Santos, Galo, Vasco e Botafogo, porque já utilizaram bastante os três zagueiros durante a temporada. Também não fiz do Corinthians por falta de zagueiros/laterais no elenco.

Nas legendas das imagens disse as vantagens para cada equipe:

Talvez o jogador que mais ganhasse no Palmeiras com esse esquema fosse Felipe Melo. Jogando como esse zagueiro central poderia fazer uma função parecida com a de David Luiz no Chelsea, tendo a liberdade de sair para bloquear a bola longa adversária e também sair jogando com a bola nos pés. Um intermédio entre suas duas posições: Zagueiro e Primeiro volante.
No Grêmio, o esquema poderia ser interessante para usar ainda mais a subida dos dois laterais, que se destacam muito no momento ofensivo. Além disso, Pepê e Alisson são pontas que já gosto bastante de fazer jogadas vindo para dentro, perfeito para esse esquema. Sem contar que com os problemas de lesão de Jean Pyerre e como más exibições de Robinho, o Grêmio não precisaria de um “camisa 10” atuando dessa forma.
No caso do Internacional, pensando nome a nome, Uendel sairia e Moledo pegaria sua vaga. A equipa colorada descartia os três ótimos zagueiros que possui no elenco e utilizaria Patrick na ala esquerda, uma função não muito diferente de quando joga pelo lado esquerdo, no 4-4-2
No Fluminense, a torcida ficaria feliz com o esquema por um motivo: a saída de Egídio do time principal. Michel Araújo poderia ser testado na Ala e Calegari ser perfeito para a posição do outro lado, já que é um lateral muito ofensivo que surgiu como ponta. Uma opção por Ganso no meio seria ousada, mas ele poderia fazer uma função parecida como a de Pirlo na Juventus, claro, guardadas as devidas proporções. A dupla de ataque Nenê e Fred teria pouquíssimas obrigações defensivas e guardar o fôlego para os momentos com a bola nos pés.
No São Paulo o esquema seria muito legal para tentar salvar as passagens de Juanfran e Dani Alves pelo clube. O lateral espanhol (que sempre foi melhor na defesa do que no ataque) seria perfeiro para a função e menos exigido fisicamente. Dani Alves também. Dani teria menos obrigações defensivas que na lateral, mas atuaria pela zona ofensiva que conhece melhor. Reinaldo pelo lado esquerdo também daria um baita Ala, podendo entrar na área para finalizar assim como Marcos Alonso habilitado no Chelsea de Conte, por exemplo.

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Muniz Junior

Pai da Melina, Co-fundador e Apresentador no GreNal Total. Analista de desempenho pelo @futebolinterativo.